sábado, 6 de agosto de 2011

Lolita 1

Olá, turma

Recomeçamos e foi bom demais encontrá-los novamente. E agora com novos companheiros de viagem. A turma cresceu e tenho certeza de que o molho fará o prato ainda melhor...

Depois de um rápido balanço do I Clube de Leitura - 4x amor, feito a partir do poema Resíduo de Drummond - "De tudo fica um pouco, fica um pouco do teu queixo no queixo do teu filho..." e da apresentação do tema do Clube II - Transgressão; passamos ao livro da vez, Lolita, do escritor russo Nabokov. Meu desejo de ler Lolita surgiu do artigo de José Castello, no Globo, quando o escritor reconhece que, a cada leitura do livro, ele percebe novas e novas coisas. Ora, como não ler um livro tão importante?

Pois vamos a ele!

Começamos conferindo o início de Lendo Lolita em Teerã, da autora iraniana Azar Nafisi. Incrível, do outro lado do mundo, um grupo faz a mesma coisa, e por acaso ou não, também às quintas-feiras... Com uma diferença: elas precisam se encontrar secretamente para explorar a literatura ocidental proibida em seu país. Assim Azar começa a relatar o que foi a experiência:

" No outono de 1995, depois de me demitir da universidade, decidi me presentear com a realização de um sonho. Escolhi sete das minhas alunas mais talentosas e dedicadas e as convidei para conversar sobre literatura em minha casa, às quintas-feiras pela manhã. Todas eram mulheres - formar uma turma mista na privacidade da minha casa era muito arriscado, mesmo que estivéssemos discutindo uma inocente obra de ficção. um dos alunos homens, bastante persistente, mesmo fora de nossa turma, insistiu em participar. Desse modo Nina lia o material selecionado, e em dias especiais ia até minha casa para as discussões sobre os livros que estávamos estudando.
(...)

E diz:
"Para todas nós, aquela sala tornou-se um lugar de transgressão. Que mundo maravilhoso era aquele! Sentadas ao redor da grande mesa de centro repleta de flores, nós entrávamos e saíamos dos romances que líamos. Olhando para trás, fico maravilhada de ver o quanto aprendemos, mesmo sem ter consciência disso. Pegando emprestadas as palavras de Nabokov, experimentávamos o modo como as pessoas comuns podiam transformar suas vidas em algo valioso por meio do olho mágico da ficção."

E tão igual e tão diferente de nós:
"Pergunto-me se você pode imaginar. Sentadas em torno da mesa de ferro e vidro, num dia nublado de novembro; as folhas amarelas e vermelhas refletidas no espelho da sala de jantar estão envoltas na bruma. Eu e mais duas alunas temos exemplares de Lolita sobre os joelhos. O restante tem uma pesada fotocópia do livro. Não há fácil acesso a esses livros - não é mais possível comprá-los em livrarias. Primeiro os censores baniram a maioria deles, depois o governo proibiu que fossem vendidos a maioria das livrarias que vendia obras estrangeiras fechou ou tem que se virar com seu estoque pré-revolucionário. Alguns desses livros podem ser encontrados em sebos, e alguns poucos na feira internacional de livros de Teerã. Um livro como Lolita era difícil de achar, especialmente a versão comentada que minhas meninas queriam. Fotocopiamos todas as trezentas páginas para aquelas que não tinham o livro. Dentro de uma hora, quando fizermos um intervalo, vamos tomar chá ou café com doces. Nós nos revezamos; a cada semana, uma de nós providencia os doces."

Bacana, não... a leitura agrupando as pessoas, em cantos tão diferentes, com vidas tão diferentes...

E de Azar Nafisi, passamos a Lendo Lolita na Barão...

E a discussão começou... É uma história de amor? É a história de uma obsessão? É um tarado? É um apaixonado? As transgressões são só dos outros? E aquelas cometidas na surdina... E a pedofilia? É uma questão cultural, social? A transgressão muda conforme a época e o povo? O que a define? Humbert sempre foi e sempre será um pedófilo? Foi Annabel a origem de tudo? E Charlotte, quem é essa mulher que ele tão ironicamente define? Humbert destrói Charlotte, mas o leitor a destrói também? - foram algumas das questões levantadas.

Para ilustrar, vimos a cena em que Humbert chega à casa de Charlotte e conhece Lolita no filme feito em 1962, pelo gênio Stanley Kubrick. Depois, vimos outra cena do livro nas duas versões cinematográficas, a de 62 e a mais recente, de Jeremy Irons - uhn, que lindo Humbert...

E é isso, a discussão continua na próxima quinta, que terá a presença de novos clubeiros... Ricardo, Lis, Sandra... e ... sejam bem-vindos! Até lá!

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